Não sei onde deixei a paciência. Esqueci-me dela algures. Sei que já não sou um rapazinho e que mudei, mais do que só a voz.
Gosto de baralhos e brinco com as cartas todas ou só com as figuras. Brinco com o destino. Atribuo significados a cada uma, às suas posições, sequências e triangulações. Sou um mago. Espreito o futuro às claras ou na luz escura das velas.
Mudei e guardo os baralhos numa gaveta. Brico às paciências. Brinco ao que já não tenho, ao que desconheço, ao que não me lembro, às minhas fúrias, à minha solidão, à minha paixão... Por vezes choro por me encontrar desencontrado.
Guardo as emoções e não jogo. Jogo-as para trás das costas. Esqueço-as. Escrevo-as em cadernos fechados. Solto-as em lençóis de camas vazias. Abraço-as em almofadas com recordações. Molho-as com choros. Brinco com cartas.
1 comentário:
a deitar assim as cartas ainda fazes concorrência à tia maya...
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