O canto é um abrigo e as paredes amigos. A solidão, a companheira de sempre, mais do que o cão negro que morde por dentro, esfaimado e sanguinário.
Quando o vazio satisfaz, a vastidão duma sala serve de horizonte largo. Uma casa basta-se como mundo ou até mais. A cabeça é grande como o universo, mas as pernas não querem ir mais longe do que aquele lugar perto do canto.
Nem música nem silêncio nem coisa nenhuma, só as palavras da pequena cabeça a doerem e a passarem sonoras em círculo. Não há como não estar perto do canto.
A solidão é um vazio cheio, saturado, ensopado de pequenas coisas agigantadas, um interior maior do que a pele e um léxico impotente face à repetição. É um canto monótono, uma canção triste.
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