digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, outubro 04, 2006

As horas em frente

Passo horas frente a frente. Frente ao fumo que me deixam. Frente ao meu charuto. Frente às palavras. Frente ao vinho. Frente aos quadros. Frente às horas. Frente aos números da monotonia enganada.
Passo horas em frente dos teus olhos e escuto-te, enquanto tragamos vinhos. Fazemos festas que ninguém mais sabe. Tu fumas cigarros e eu charutos e os fumos penduram-se nos óleos e nas paredes. As peredes vazias têm os meus tédios quando não estás.
As horas passam escorridas e suaves, entre beijos que não se dão. Vão garrafas. Há festas com amigos, alguns presentes e outros evocados. Os fantasmas estão sempre. Nunca vamos sozinhos para a cama.

2 comentários:

Anónimo disse...

E há fantasmas que são maus e que não deixam os corações a bater descansados e só por si. Temos pena.

Folha de alface disse...

magnífico