É na cama que se conhecem as pessoas, porque estão despidas e sem roupas. Os lençóis não têm filtros e recebem os fluídos, os beijos, os suores e os sonhos. As paredes dum quarto são um casulo, um ventre. Não há receios frente ao amante. Está-se franco e desprotegido, porque se confia... mesmo quando se não ama.
É na cama que se conhecem as pessoas, pelos carinhos que dão ou suspendem, pelas palavras que dizem ou calam, pelos olhares que lançam ou escondem... mesmo quando se não ama, a cama é um campo de batalha onde se pode ferir facilmente.
Há letras, sílabas, palavras, frases, períodos, parágrafos, textos que leio e sei dos dedos. Conheço-lhes as horas de solidão e companhia, os fervores, as sedes e horrores, desconfio-lhe dos prazeres, traições, aflições, ansiedades, rubores, desafectos e excitações. Tal como aos olhos e à voz. É na cama que se conhecem as pessoas! Não apenas, mas também.
2 comentários:
Adorei!
... és um mago, então... a cama é mais crua, sem dúvida, mas é também cheia de magias escuras que queremos ter.
Magnífico o que escreves. Mas isso deves estar saturado de ouvir.
Um beijo. De manhã.
Enviar um comentário