digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

segunda-feira, julho 17, 2006

Solidão

A solidão anda à roda. Por vezes vai, mas volta. Muitas vezes monto-me nela e não a largo ainda que a maldiga e lamente a sorte, outras vezes sento-me à espera deixo que passe e volte.
Atiro pedras à solidão. É inatingível. Tenho saudades da minha mãe. Tenho saudades da minha avó. Tenho saudades do meu pai. Tenho saudades minhas. Tenho saudades da Rita. Estou sentado frente às memórias.
Não é Verão. Não é Inverno. É uma estação ferroviária. Aqui só chegam saudades e partem vontades. Aqui tudo se faz de indolência e dor.
O vento toca a música da árvores. Por vezes acompanha-o a chuva. Está vazio de gentes. O carrossel vazio é uma dor, uma fonte de lágrimas e sorrisos trementes. Sento-me nos cavalos e sonho com a alegria da festa de quando se mexem, se acendem as luzes e tocam as músicas. Não é Verão nem Inverno. É uma estação de saudades: do pai, da mãe, da avó e da Rita.
Sento-me a mandar pedras à saudade e já não choro. Não me deixo chorar. Choro. Sorrio das alegrias antigas. Já não choro. Volto a chorar. Dou a volta ao carrossel, porque ele não roda. Dou a volta à saudade e à solidão, porque elas não se vão. Dou a volta para ver se partem. Não partem. Já não choro, sorrio. Sorrio e choro. É uma estação de lembranças e saudades. Um carrossel parado. A minha vida não está parada, está fingida.

9 comentários:

João Barbosa disse...

:-) obrigado

Anónimo disse...

A vida é feita de choro e de alegria, mas de também de vontade e de firmeza. Por isso, caminha firme, não andes mais às voltas, não desistas ou te deixes perder nesse labirinto de saudade, porque o tempo não volta atrás! Segue. caminha. Descobre.
Está na hora de saires desse vai-e-vem e enfrentares a vida, tal como ela é. DE viveres no mundo real!
Beijos

João Barbosa disse...

Ritinha (se és a «minha» Ritinha), fica sabendo que não quero que o tempo volte atrás nem quero voltar onde estivemos, mas tenho saudades da tua amizade e das longas conversas. Fazes-me falta perto de mim, porque és das pessoas que mais gosto nesta vida.

perdida em Faro disse...

"Falta-te o ar, faltas-me a mim..."
Os carrosseis também balançam e faz-nos bem e falta o tempo disponível para podermos dedicar a balanços destes carrosseis desta vida, ou não?
Gostei M U I T O deste texto e da tua imensurável sensibilidade...seu senhor das pelavras.

perdida em Faro disse...

Leia-se senhor das palavras...

Ana Fonseca disse...

Comoves-me!

Anónimo disse...

Amigo querido, a tua última frase... doeu-me. Deixo-te um sorriso fresco e viçoso como uma alface (isto é para sorrires)

Folha de alface disse...

:) por falar em alface, aqui t deixo tb o meu sorriso fresco

João Barbosa disse...

isto parece uma big salada :-)