Hoje é o Dia Universal da Liberdade! Oficialmente a democracia moderna começou a desenhar-se a 14 de Julho de 1789. A história não é perfeita e faz-se de solavancos. Com os mesmos soluços que os homens dão em tudo o que fazem. Tudo tem um rascunho. A história não pára nem tem fim, porque o tempo não pára nem tem fim. A democracia de hoje existe depois de muitos enganos, de graves asneiras e até crimes.
Na história usam-se marcos balizadores. Um deles está posto no dia 14 de Julho de 1789, data da tomada da fortaleza da Bastilha, em Paris, que servia de cárcere. Após o assalto foi possível afirmar que todos os homens são iguais e que nascem iguais. Para isso teve de se extinguir a ordem da nobreza. A nobreza de carácter não se extinguiu. Nem terminou a nobreza no preconceito de sangue e de classe - as mentalidades levam anos a mudar. Mas terminou na lei, e já foi muito. A igualdade substituiu o privilégio... ainda que apenas na lei e no ideário discursivo. Ainda que em nome do 14 de Julho se tenha entornado sangue.
A propósito de sangue entornado: o revolucionário marxista Ernesto Che Guevara foi registado a 14 de Julho. Contudo, alguém que queria impor regimes ditadoriais de esquerda não poderia ter vindo ao mundo numa data de liberdade. Na verdade nasceu num dia banal e apenas por ter ultrapassado o prazo legal, e para não pagar multa, a mãe o registou nesta data.
Quando se diz uma coisa deve ter-se presente o seu oposto. E o oposto de liberdade é reclusão. Reclusão de voz, censura, repressão política, incapacidade de organizativa espontânea e livre, impossibilidade de debate e de discussão de ideias, castigos corporais, polícia política, delito de opinião... Tudo isso aconteceu há pouco tempo. Tudo isso é ilustrável com a cidade de Berlim dividida pelo muro da vergonha, que durou entre 13 de Agosto de 1961 e 9 de Novembro de 1989. Quando se diz libedade tem de se saber o seu significado e o seu oposto. Sei que eras menina quando caiu aquela coisa de betão muito dura. Foi abaixo num dia muito feliz, num dia sem medos.
2 comentários:
ups... és assim tão novinha?
Lembro-me do dia,lembro-me de ver o meu pai a chorar de alegria e a acreditar quando me explicava que se quiséssemos muito, todos juntos conseguíamos sempre "derrubar" o mal.Lembro-me até de eu (sem perceber muito mas a entender tudo)ter acreditadonaquilo tudo. Arrepio-me de pensar no desperdício que é sobreviver sem actos heróicos. Quando ser herói é tão fácil...bem, esquece, só para dizer que me lembro, que sim era menina (10 anos!)e que ainda bem que escreves assim...
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