digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, junho 14, 2006

Vou cumprindo

Vou. Vou indo. Vou por um caminho curvo... que também pode ser recto... não tenho distanciamento para saber. Penso que sei para onde vou e não penso no caminho, tal a certeza do destino. Contudo, se penso não sei onde estou e duvido para onde vou. Ao certo desconheço o tempo da viagem. Ao certo e em abstracto sei que o fim é só um. Às tantas tenho vontade de me sentar. Posso, mas não quero e não sei se deva. Algumas vezes penso em desistir. Sei que, em abstracto e em definitivo, o fim é só um. Se desistisse voltaria ao princípio. Repetidamente tenho a sensação de estar a repetir os locais por onde passo... talvez já tenha passado ou seja apenas uma parecença ou mesmo uma repetição ou uma premonição realizada. Vou. Vou indo. O caminho é curvo, mas não o noto, porque é longo... tão longo que se torna doloroso... tão longo que os pés ganham calos e já nem doem. Vou. Vou indo. Repito passos. Sei qual o meu destino e julgo saber o caminho. Sei o destino, em abstracto, mas desconheço a sorte e da estrada nada sei. Sei que um dia hei-de chegar.

2 comentários:

perdida em Faro disse...

Vou fugir à realidade mas é o que sinto neste momento. Foi o texto mais bonito que li aqui. Amanhã ou daqui a pouco vou encontrar outro mas tinha que dizer agora.
Quando se sente amor por alguém numa só fracção de segundo e já se sabe que não vai durar mais que isso, tem-se a vontade na garganta de dizer aquela palavra ("the word") e quase nunca se diz com medo que o par de ouvidos que a recebe pense ou tenha medo de a sentir para sempre. A verdade é que se se dissesse "amo-te nesta fracção de segundo" também perdia a piada. Então não se diz. Como não é a ti que amo mas ao texto, aqui ficou o meu desabafo e para o texto eu digo: Amo-te.

João Barbosa disse...

:-)