digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

segunda-feira, junho 12, 2006

Santantoninho

Tenho até receio de escrever por causa das minhas aleivosias peremptórias tantas vezes mal-entendidas. Não gosto do Santo António! Não é do Santo, é da noite! Quero dizer, gosto da noite, não gosto é da multidão da noite de Santo António em Lisboa. Gosto do Santo, pois então. Sei quando está para chegar o dia, pois é quando tenho de ligar uma ventoínha no quarto para poder dormir. Não há calor mais sufocante do que este de princípio e meados de Junho... Este ano até nem vai mal, porque veio mais cedo e partiu-se, e agora vai-se estando. Ai, meu Santo Antoninho!... Em Itália e noutros países dizem que és de Pádua, mas só podes ser de Lisboa - ignorantes! Porquê? Porque nasceste aqui, tiveste nome português e só isso basta! Se não fores só de Lisboa és do mundo inteiro, de Pádua é que não és! Logo há marchas na avenida, patuscadas de febras e sardinhas na rua, multidões e bebedeiras. Já todos se esqueceram que o teu dia é amanhã, o que querem é folguedo e bacanal carnavalesco na noite que antecede o feriado. Até nem sabem que o padroeiro de Lisboa é São Vicente e desconhecem que todos os Santos são amigos. Festejam-te os cristãos e os ateus... faz sentido? Faz porque a festa lisboeta é pagã e celebra o solestício de Verão... A Igreja sabe, mas ninguém repara! O que se quer é tosga! E na Igreja, no dia 13, casam-se crentes, descrentes e negligentes... pois há tanta gente que só quer os rituais e as aparências!... acho triste, enfim! No dia de Santo António casam-se muitos, porque o Santo de Lisboa é casamenteiro... e se um dia vier um divórcio não sei a que Santo irão pedir contas... Pronto, já chega! Não escrevo mais. Hoje nem Santo António me vale!

4 comentários:

Anónimo disse...

Não me digas que não vais comer uma bela sardinhoca no pão? Como bom Lisboeta que és, tens de cumprir as tradições, Ora Bolas!!!

perdida em Faro disse...

Até eu, algarvia, aproveito que estou em Lisboa para uma pesquisa rápida na biblioteca nacional e espero comer uma sardinha e uma imperial para comemorar o Santo (para mim não casamenteiro). Vá lá João! A animar...

João Barbosa disse...

1º odeio multidões
2º tenho intolerância ao peixe
3º odeio celebrações duma coisa a celebrar outra
4º não gosto de cerveja
5º não gosto de vinho mau
6º não estou desanimado
7º detesto aturar gente bêbeda

Anónimo disse...

São bons argumentos! Mas se vivesses na Rive gauche (vulgo margem sul do tejo) como eu, irias gostar de estar numa esplanada virada a rio a comer e a beber, não há só sardinhas...também não é novelle cuisine, mas está-se muito bem, acredita!