digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

segunda-feira, junho 19, 2006

Correria

Tenho uma correria dentro de mim. Venho de correr. Venho a correr. Sinto-me a correr. Sento-me a correr. Desespero. Desespero-me nas horas que tardam e na tarde que não passa. Tudo passa a correr menos o tempo.
A vida é uma monotonia. A correria um fenómeno abominável que não acelera o tempo nem distrai. Não tenho sangue, tenho agulhas nas veias a picarem-me de dentrom para fora e a impelirem-me a correr. Sufoco do esforço de tanto correr. Não morro, nem assim, nem se me desmaiam ou tropeçam os pés.
A noite de dormida passa a correr. Não devia. Devia ser eterna, definitiva, final e justa. Desespero-me nos dias. Todas as horas são de correr. Não gosto de correr. Não sei viver sem ser a correr. Quem me dera parar. Não sei o que faria se parasse... talvez recomessasse a correr. Hei-de morrer a correr. Só tenho pena se não passar pela vida a correr. Se pudesse ia-me já, a correr.

3 comentários:

moonlover disse...

Fiquei cansada só de ler...
adoro este tipo de escrita em que me leva a entrar no texto e sentir o que se escreve.
Pois eu, neste momento, gostaria que o tempo corresse, tenho pressa de chegar a determinado dia para resolver muita coisa ;)
Espero que entretanto o tempo para ti abrande :)

Folha de alface disse...

O teu blog é uma delícia. Ficamos c água na boca só de ler. Para ser lido sem pressas e saborear cada palavra.

Anónimo disse...

ESPECTACULO! Li a correr e voltei a ler...Ia dar-te o conselho de não usares relógio, mas como isso já tu fazes, não sei que te diga. Senti a falta dos teus textos ; )