Estou capaz de quase cometer uma loucura. Estou capaz de fazer pior: estou capaz de uma semi-loucura. Estou capaz! Acho que bebi demasiado Champanhe ao jantar, vi demasiados sorrisos à mesa e desejei um luar.
Estou quase capaz de emalucar. Se fosse corajoso saltava de cabeça. Se tivesse apenas um pingo de bravura ía nem que fosse de pés. Mas sei dos meus desastres e não os desejo a mais ninguém. Já me bastam as tragédias do acaso! Não vou desenhar batalhas para desejar felicidades e só colher tormentos. Não vou!
Prometi a mim mesmo um futuro longínquo. Uma promessa incumprível... com a graça das promessas incumpríveis. Não sei se a cumprirei, sei quão longe a quero guardar e revelar a toda a gente. No entanto, estou quase capaz de cometer uma loucura... ou uma semi-loucura. O pior é que nem vergonha já tenho e nem me importo. E até já se sabe por aí, mesmo quem não sabe ler ou escrever ou vê ou ouve ou quer ouvir dizer, que ando nas horas das maluquices, dos infernos divertidos, dos desvarios simpáticos e dos cremes de beijinhos.
Não se me importa nada. Tornei-me anarquista das coisas que importam: dos afectos. Dantes ainda me importavam os afectos e os outros, embora nunca quisesse saber. Hoje nada disso tem importância. Sou um anarquista das coisas que importam. Por isso mesmo sou um verdadeiro anarquista. Não tenho vergonha ou pudor. Nem me importo.
Estou capaz de cometer uma loucura e o que me vale é quem se acha ainda são e me agarra, tão feliz de contentamento, é a razão do meu torpor louco. A mesma razão que para alguns é de sorrir pode ser para mim de chorar. Se não cometer uma doidice é porque há gente saudável por aí.
2 comentários:
glup
Oh pá! Comete lá a loucura, mas não te magoes, ok? Claro que há gente saudável por aí, a começar por ti. Seu anarquista desvairado!(isto não é uma ofensa é um elogio)
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