digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, abril 04, 2006

O meu quarto

O meu quarto tem três janelas. Cada uma tem um bocado de rio. Uma está de frente para a cama e as outras estão de lado. Cada uma de seu lado. Não há luz que me falhe. Por cima da cama tenho um quadro, um Sagrado Coração. Não há luz que me falte.
Todas as noites ajoelho-me voltado para uma janela e rezo a olhar o céu. Sempre um bocado diferente, sempre com uma estrela em mente. O meu quarto tem três janelas.
Tenho telhados à frente, entre as janelas e o rio. Andorinhas, pardais, pombos e gaivotas do vidro ao azul do Tejo e do céu. Vejo roupa estendida, vejo as mulheres a estende-la e outras de gargantas abertas a chamar. Tenho um quarto com três janelas.
Todos os dias rezo, peço ajuda aos meus Santinhos. Amanhã não será dia de dívida. Amanhã não será dia de míngua. Amanhã terei a cama cheia e a barriga também. São de guilhotina as janelas e têm portadas verdes, as três janelas do quarto. Da cama, ao acordar, vejo quadros com a cor que Lisboa me quer dar.
Tenho três janelas no quarto, não há luz que me falhe. Sobre a cabeceira está um quadrinho, um Sagrado Coração, ao qual rezo de joelhos, para que a luz não me falte.

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