
Todas as noites ajoelho-me voltado para uma janela e rezo a olhar o céu. Sempre um bocado diferente, sempre com uma estrela em mente. O meu quarto tem três janelas.
Tenho telhados à frente, entre as janelas e o rio. Andorinhas, pardais, pombos e gaivotas do vidro ao azul do Tejo e do céu. Vejo roupa estendida, vejo as mulheres a estende-la e outras de gargantas abertas a chamar. Tenho um quarto com três janelas.
Todos os dias rezo, peço ajuda aos meus Santinhos. Amanhã não será dia de dívida. Amanhã não será dia de míngua. Amanhã terei a cama cheia e a barriga também. São de guilhotina as janelas e têm portadas verdes, as três janelas do quarto. Da cama, ao acordar, vejo quadros com a cor que Lisboa me quer dar.
Tenho três janelas no quarto, não há luz que me falhe. Sobre a cabeceira está um quadrinho, um Sagrado Coração, ao qual rezo de joelhos, para que a luz não me falte.
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