digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, abril 04, 2006

Nervo

Tenho os nervos a pular. As mãos estão a tremer. Tenho os nervos a pular. A voz quase a gemer. Pelo óculo entra a luz e as imagens, não sei como não sai o sangue.
Se quisesse agora desenhar iria fazer torto e inseguro. Será que a minha massa encefálica faz centrifugação? Não é quieta e tem os mistérios das coisas paradas.
Vivo com os meus nervos a pular. Respiro, como e tento dormir. Tento que seja sempre amanhã. Que venha um tempo futuro, porque tenho medo da noite e do só.
Tenho os nervos a tremer. Vêem-se os músculos a saltar sem que eu queira. Umas vezes são as carnes das pernas, outras as dos braços... as mãos, os olhos, os pés, todo eu, todo eu... todo eu mexo sem me querer mexer, porque tenho os nervos a pular. Pelo óculo entra a luz e o mundo. Não sei por que não jorra o sangue. Por que não me vomito rubro ou me abro em qualquer cor? Esventrado, de barriga aberta e vísceras à mostra estaria todo eu à luz. Pelo óculo entra a luz.

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