O navio fantasma não precisa de ninguém, nem sequer precisa de vento. Só precisa da neblina e do mar chão. Precisa do medo. Precisa do medo. Precisa de ajuda.
O navio fantasma tem madeira que range. Tem madeira de espectro e madeira madeira. Tem cheiro a mortos e a salmoura. Tem velame enfunado quando não corre brisa. Tem velame que range. Tem cordame que range. Tem cordame podre.
O navio fantasma não precisa de ninguém. Morreram todos. De morte matada. De tiros, de peste, sem dentes, de fome, afogados, perdidos, de sede, de tudo, por nada, de ganância. O navio fantasma não precisa de ninguém. Precisa de ajuda. Precisa do medo. Precisa que tremam as carnes e gaguejem as vozes. Precisa do nevoeiro, da bruma e do mar chão. Precisa do mito.
A madeira range de podre e salmoura. Range o velame e o cordame. Já se foi a bandeira e a flamula. Ninguém sabe quem é, só que é fantasma.
1 comentário:
Desconfio que conheço bem este navio fantasma...
Enviar um comentário