Na minha cabeça Abril está a meio do ano. Metade de 2006 já se passou, Agora o resto são só mais uns dias. O meu ano é diferente do ano de outra gente. Não sei se outros rodam à volta do Sol durante os mesmos dias que eu.
Na minha cabeça Abril está a meio do Ano. Até Junho vai um pulinho insuportável chamado Primavera, que dura sensivelmente duas ou três semanas... um mês que seja. Não mais, apesar de ser um tempo e um modo completamente doentio e instável: chove, aquece, abre, arrefece, sopra, aparenta, insinua.
A Primavera é uma mulher! É como devem ser as mulheres! Bela, festiva, imprevisível, sedutora, perfumada... mas ao mesmo tempo instável e caprichosa. O meu coraçãozinho não aguenta.
Na minha cabeça Abril está a meio do ano e até meados de Junho são duas ou três semanas... um mês que seja.
Junho, Julho, Agosto e Setembro são um pano largo estendido sob o Sol. Tantas vezes insuportável e outras de agradável cumplicidade. É um tempo masculino, que se rejeita na sexualidade, mas que procuro na amizade. O Verão é praia e onde estiver a brisa. O sopro fresco é a mão feminina e sensual que descontrai e lembra. Todo o mais é brutidão com voz grossa. O Verão esvai-se rápido, mas é um tempo longo de três meses que na minha cabeça dura oito meses. Sim, oito meses.
O Outono chega-me em meados de Setembro e vai quase ao fundo de Dezembro, quando quase cheira a Natal, depois da quinzena. Primeiro é tímido e depois parecido com o Inverno, já robusto. É o tempo do amor, não o da paixão. É um casamento e um caminho. O Outono faz-se sem pressas. É a melhor metáfora da vida e para quase toda a gente serve para começar a meditar sobre o ano que se está a passar. Para mim é amor e sentimento nobre. É tempo de espera para um tempo maior, quase ansiedade. O meu Outono leva exactamente três meses a passar. Nem mais um dia.
Tudo isto somado dá um total de 20 meses a dar a volta ao Sol. A minha cabeça leva 20 meses a dar a volta ao Sol, mas na verdade os anos passam sempre tão depressa!... Há qualquer coisa de errada na minha mente ou na órbita da terra. Tem de haver. Espero que não seja eu.
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