digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, abril 06, 2006

Ainda a tempo

É Abril e pela chuva ainda é tempo de tomar um café ou um chá.
É Abril, nota-se pela cadência da chuva que o Inverno já se foi, mas não morreu. Debate-se como um doente antes do momento da partida. Dá os seus últimos golpes de vida e toda a sua energia concentra-se e irradia, como se fosse novamente jovem. É pura ilusão. A temperatura não engana. Já não é Inverno, apenas a chuva teima em cair, porque o Inverno não está convencido que chegou a sua hora.
É Abril e está chuva, por vezes algum Sol a convidar a um passeio descalço na praia entre o entulho e os destroços das tempestades da invernia. É Abril e está chuva a convidar um chá ou um café frente à janela a ver as gotas cair ou apenas a ouvi-las, como se fosse pelo Dezembro ou Janeiro ou outro mês de escuridão.
É Abril e o Sol dá uma luz mais luz, já se levanta maior e fica mais tempo no ar. Mas ainda há horas para saborear a melancolia molhada e sombria. Perder agora estes momentos será desperdiçar um tempo único, porque é quando morre o Inverno e nasce a Primavera. Só acontece uma vez no ano.
É Abril e chove. Chove absolutamente quando chove. Depois vem o Sol. Tempo de indecisão. Como as paixões são incertas. Se eu soubesse, ter-me-ia apaixonado sempre em Abril. Agora é tarde e estou vacinado contra a Primavera, contra Abril e contra o Amor. É Abril e chove.

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