digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

segunda-feira, abril 03, 2006

África

Não conheço África. Só sei onde fica no mapa. Só uma vez estive no seu bordo, mesmo na beirinha, onde está a praia, na terra dos Mouros, num país virado para a Europa.
Não conheço África, deconheço os seu sabores e cheiros. A que cheira a África? Quantas Áfricas tem a África? Não lhe conheço as gentes e tenho medo do calor. Muito medo do calor. Tenho pavor dos bichos de África. O que se ouve nas noites quentes de África?
Na costa ocidental vê-se o mar até ao fim do azul. Na costa oriental onde está o traço do mar? De que cor é a linha do horizonte a Sul. O Norte não é África e não é Europa, é qualquer coisa de diferente, sem ser meio-caminho e sem deixar de o ser.
A que sabe África? Não conheço gente em África e tenho medo do calor. Sei que há mais do que praias e muito mais do que documentários na savana. Há montanhas e florestas, há vales escondidos e ilhas, há rios e chuvas grandes, tempos secos, fomes e farturas. Há gente boa e diamantes. Há fruta colorida e cheiros desconhecidos. Tenho medo do calor.

Sem comentários: