O Sol entrou-me. Tenho a pele a ferver, a estalar. Acho que não foi alegria. Foi bebedeira de luz e calor. Sol mau!
Estiquei as pernas até onde se puderam esticar. Senti-me muito comprido. Não tive coragem para esticar-me para cima, como fazem os gatos quando se espreguiçam. Prolonguei-me perpendicular ao rio.
O Tejo deixou que o atravessasse. Fi-lo muitas vezes com os olhos e talvez umas três com o espírito, que fugia de algumas músicas e do borbulhar saltitão das infâncias. Mas o que gostei mais foi de cruzar o leito com as pernas. Meu Deus, como estive comprido!
Podia ter elasticado até mais longe se o Sol não me arrepanhasse a pele do rosto e esta puxasse as pernas para trás... um horror! Maldito Sol! Que calor esteve hoje!
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