digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, abril 27, 2006

Couve na língua

Foi naquele dia de madrugada couve uma tempestade seca com raios e trovões. Nesse dia, pela manhã, um ministro molhou os pés ao sair do carro no Terreiro do Paço e foi demitido por ser incoveniente e incompetente. Os livros de história passaram a referir-se como um ministro couve durante algum tempo em funções. Nessa tarde um funcionário público largou os carimbos e os requerimentos e começou a declamar versinhos em rima simples e métrica complicada, antes de começar a gritar frases sem sentido com as mãos agarradas às orelhas ou a puxar os cabelos. Os colegas dizem ainda hoje que é um colega couve coisas dentro da cabeça e desesperado não sabe o que fazer e começa a deitá-las todas cá para fora. Nessa noite uma mãe cortou os pulsos cansada do alcoolismo do marido e das suas tareias. Primeiro fez uma sopa, deitou os filhos, contou-lhes uma história e beijou-os suave e profundamente nos rostos. Deixou o marido embebedar-se e sair para se ensopar na bebida antes de se esvair em sangue. Os polícias disseram couve um crime, as pessoas sensíveis perceberam couve uma mãe desesperada e os jornais sensasionalistas relataram que a sopa que dera aos filhos era de couve.

1 comentário:

Anónimo disse...

Espectaculo ;)