digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

segunda-feira, abril 10, 2006

Apaixonei-me

Apaixonei-me quando te vi. Escondi-me e segui-te. Escondi-me e deixei-me ficar quieto em silêncio. Despiste-te e banhaste-te. Mal me contive para não me desinquietar, para travar a minha respiração a querer galopar. Apaixonei-me mais quando te vi despida no banho e mais ainda quando te secavas. Morri quando olhaste para mim no meu esconderijo e fingiste que não me viste. Embrulhaste-te na toalha e voltaste à tua vida já vestida. Fiquei no quarto a respirar o odor húmido das águas do teu banho e dos sais e os restos de ti que lá ficaram. Morri e não sei como dali saí. Os meus olhos nunca mais perderam aquela imagem de ti nua no banho, como uma maldição. Estou hoje morto e vejo-te sempre nua e tenho presente o odor perfumado dos teus sais.

1 comentário:

Anónimo disse...

Lindo! Poesia em forma de prosa...um verdadeiro Poema de Amor.