digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, abril 20, 2006

Aos basbaques

Vão construir um parque para os basbaques, onde todos se possam admirar e pasmar. Vão lá estar gordos enormes a ver alarvidades e outros escondidos a serem espreitados por outros que desconhecem que também são observados. Todos se vêem, mas nem todos sabem que são objecto do jardim dos pasmos.
O parque para os basbaques vai ter buracos enormes onde os homens vão para observar os trabalhos, mesmo sem perceber de obras. Vai haver espaço de debate onde os basbaques vão dar bitaites do que não sabem, porque todos têm opinião, mesmo que não se oiçam.
Vão construir um parque útil para inutilidades, onde não haverá música nem artistas nem poetas. Em cada rua haverá livros do Guiness para apontar inutilidades e ler que um homem correu três metros apoiado na língua e outro fez o pino com os pés no chão. O livro do Guiness é importante, porque veio para acabar com as teimas intermináveis dos bêbados. Vai haver muitos no parque dos basbaques.
O jardim dos pasmos vai ter tertúlias de fofocas de mundanidades sem atrasar ou adiantar a espécie humana nem salvar o mundo de qualquer abismo ou fome. Não importa se haverá afectos, importa que terá frinchas para espreitar e muito para espantar.
O parque dos basbaques vai ter famosos desconhecidos a fazer necessidades atrás das árvores e a espreitar a nudez do homem comum. Vai haver futebol e discussões inúteis sobre penálties nos bastidores dos balnearios e sobre a vida sexual de quem se trata por tu sem nunca se conhecer.
O que importa é o espanto e um jardim para os basbaques se espantarem com estátuas aos inventores de nulidades. Será uma festa da cultura. Sem ironia! Viva o gozo de espreitar o mundo da porcaria. É tão bom tomar banho!

2 comentários:

Anónimo disse...

No mundo há vários tipos de pessoas, há os escritores, os leitores, os que não escrevem nem um postal e os que nem sequer um jornal leêm.
Eu definitivamente faço parte do segundo grupo. E tu João Barbosa és sem dúvida um escritor, um poeta, um pintor de ideias, um compositor de palavras.
Gosto muito de ti e do teu blog também ;)

João Barbosa disse...

se fosse escritor não estaria agora sem palavras...