digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, abril 11, 2006

A Ana e a fantasia da vida

A minha fantasia é uma vida... ou parte da vida da Ana. Não a conheço mas sei, disse-me o relógio da gare.
A minha fantasia é uma vida. Só por isso já vale a pena fantasiar, mesmo que uma parte da vida nos apanhe tristes.
Vi-a sentada, poisada à espera... e ninguém lhe levava flores e ela sentada bem merecia que alguém lhas levasse. Não a conheço, mas sei, disse-me o relógio da gare.
Ninguém lhe leva flores, porque ela já não espera por ninguém para as ter. A Ana também já não espera por ninguém para dar. Está sentada e não vê que por quem espera pode estar sentado no mesmo banco de umas só costas, de costas voltadas. Disse-me o relógio da gare que a minha fantasia é parte duma vida, parte da vida da Ana.
O que não posso contar porque é segredo, contado pelo relógio da gare, é o destino da Ana... Um dia vai entrar na gare um combóio todo ele enfeitado com flores e bandeirolas, fumegando alto e silvando estridente. Vai parecer atrasado, mas estará na hora certa, dentro do horário. A maquina de aço vai entrar para a apanhar, mesmo que ela não colha flores e seja apanhada de surpresa, e levá-la a todas as estações e apeadeiros. A Ana vai seguir o seu destino e nunca mais terá de esperar em vão numa gare. Isto não posso contar porque é segredo... não sei... nem tampouco a conheço... contou-me o relógio da gare.
Tudo isto será verdade! A minha fantasia deixará de ser parte duma vida. Outra fantasia será vida. Espero que a Ana compre novas flores, não para esperar por quem não aparece, mas para se enfeitar e linda fazer a viagem.
Vai Ana, corre a arranjar-te, que o comboio não tarda e as minhas fantasias teimam em tornar-se vida.

4 comentários:

Ana Fonseca disse...

Obrigada! Vou ver se me despacho a comprar flores... Não vão fechar as floristas e eu serei apanhada desprevenida! E começarei a olhar em volta! Talvez esteja alguém à minha espera com flores ainda frescas! Muito obrigada!

Anónimo disse...

João, que texto lindo.
Ana, ele tem razão, enfeita-te e apronta-te, que a vida não espera.
Beijos para ambos.

Anónimo disse...

Ana, o relógio da gare não pára, nem volta a atrás, compra hoje umas flores lindas como tu e apanha o próximo comboio. Não esperes mais...

Ana Fonseca disse...

Como não me conheces, fica aqui o link para o meu blog... Muito diferente do teu, é certo... Mas fica à vontade para visitares a minha praia quando quiseres! www.praiadeserta.blogspot.com