Osama bin Laden nunca provou pastéis de nata. Nem ele nem qualquer outro terrorista, porque as iguarias têm a faculdade de converter as bestas.
Não há delicadeza que não seja obra de génio ou fruto da sabedoria de gerações. Quem prova um pastel de nata ou um leite creme ou um pudim d'ovos ou uma tarte de maçã ou um qualquer doce sublime nascido do engenho de qualquer povo deste mundo não pode matar.
Isto da doçaria faz mesmo milagres e não é por acaso que a ela se dedicaram durante tantos séculos e mulheres e homens de fé... Isto da doçaria é uma arte e é uma arte diferente das outras porque fala ao mais básico dos sentidos: ao paladar, que é aquele que nos ensina a distinguir o bom do mau, o comestível do intragável ou do mortal.
A doçaria é uma arte diferente. Pode ler-se uma obra-prima da literatura e matar, basta não a ter percebido. Pode um quadro instigar ao morticínio se quem o vir for inculto das ideias. O mesmo vale para qualquer arte. Mas nenhum humano é tão estúpido que não perceba o doce e as subtilezas de os trincar.
Se Osama bin Laden tivesse provado um pastel de Belém hoje comeria outros bolos acompanhados com Champanhe! Se os terroristas da ETA tivessem tido das mães doces feitos maternalmente o País Basco teria casinhas de chocolate e os atentados só seriam os calóricos!
Por favor, alguém leve um pudim abade de Priscos e uma encharcada às grutas afegãs!
2 comentários:
Adorei...
Grande teoria! Agora percebo, porque somos um país de brandos costumes...Viva a doçaria conventual, o docinho d'avó, o docinho d'tia, o docinho d'vizinha. Quer dizer então, que posso pensar em exportar o meu fabuloso Arroz Doce?
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