digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, março 26, 2006

Qualquer coisa de mar



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Há qualquer coisa de mar na vida. Os dias passam e a luz vai e vem, vai e vem, vai e vem. A alegria e a tristeza também. Não sei o que são as quatro da manhã se não conhecer o calor do sol ao meio-dia nem o da fraternidade à mesa ao jantar. A vida traz e a vida leva pessoas numa mesma vida.
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Um dia acorda-se molhado, suado ou chorado, noutro é-se feito de cama e dela não se consegue separar, mas noutros corre-se em direcção ao sol e a respirar todo o ar fresco que houver pela frente. Há dias sempre aos abraços de reencontros. Mesmo quando os olhos vêem tristeza, a alma pode sentir alegria.
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Há qualquer coisa de mar na vida, no que vai e vem, no aparente acaso... na vaga gigantesca que embate na rocha para se fingir ser Neptuno, Deus do Mar. E há tanta vida na vida e muitas vidas numa só vida.
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Abrem-se as janelas para que entrem as gotas salgadas do mar bravio e escancaram-se as bocas para que as línguas sintam o sal. Há qualquer coisa de sal na vida. E o mar vai ali, mas já volta. Torna a ir e a voltar. Como as pessoas. Como nós.
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Se os mares são sete, há mais vidas do que mares. Talvez mais vidas do que marés, tantas quanto os abraços dados e prometidos. Há qualquer coisa de mar na vida.

2 comentários:

Anónimo disse...

Este é o João profundo que conheço, o João bonito, com palavras que afagam ou que arremessam pedras, mas que dizem as verdades que se sentem no momento. Vou ali e já volto, amigo querido... como o mar. Porque é assim a nossa vida :) Gosto desta tua divisão dos temas :) Um beijo enorme.

Anónimo disse...

Humm... bonito!