digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, março 28, 2006

Muda o tempo


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Adeus Inverno ou adeus Verão. É tempo em que o tempo muda. Sem tempo para passos. A melancolia vem no vento fraco que mal levanta o mar ou faz rodar o céu. Não se passa quase nada no ermo do fim do mundo, do cabo do fim do tempo, na praia de todos os voos e ânsias. Não há meninos. Não há correrias. Não há risadas. Não há chuva. Não há trovões. Não há. Não há tempo. Só uma tristeza silenciosa, uma solidão calma, um desejo de cor. As pedras são pesadas para voar e rombas para saltitarem na superfície chata do mar. Desistiram no areal. Nem uma pegada testemunha um ensaio de gesto. É um tempo de adeus. Adeus Verão. Adeus Inverno.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ai, amigo querido... conheço esse tempo que descreveste tão bem... Um beijo muito grande.

Anónimo disse...

Ainda não há passos nessa praia porque não chegou - ainda - quem há-de querer torturar os pés descalços nessas pedras. Para abafar, com uma dor mais palpável, outras dores. Para trazer aos olhos lágrimas represadas num peito a que falta já o próprio ar.