digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, março 24, 2006

Boémia


Ontem encontrei o Paulo Ares nas Amoreiras e combinámos ir hoje jantar. Não sei porquê, os meus radares diziam-me que não, que ia ser como daquela vez em que iamos à Irlanda e o canalha não apareceu no cais da gare de Santa Apolónia ou como aquela outra em que se baldou da viagem a Itália com o Turco, o Marcão e o Braz. Fingi que acreditei e prometemo-nos telefonar hoje. Contudo, aquele canalha mudou novamente de telefone e não disse nada. Acabei sozinho em casa e sem nada para jantar. Até parece que sou uma adolescente desflorada e iludida por um marinheiro com doenças venéreas. Dei por mim a acabar com a meia garrafa restante de Altas Quintas (que delícia!) e a chorar por mais álcool e sem vontade de abrir outra garrafa. Para não fazer nada que me viesse a arrepender e a abrir uma botelha que vai melhor com amigos, acabei por emborcar uma minúscula coisita cabo-verdiana chamada Ponche de Santo Antão... que cena enjoativa! O que vale é que tinha sumo de limão (do pomar algarvio duma amiga) em estado puro e desvairado para cortar com sua amargura bravia a doçura insuportável da beberágem insular. Eis a estória (com é) boémia de hoje. Já agora, este é o brasão da Boémia.

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