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Um dia voltarias, assim o Verão chegasse no minuto quando
entra a primeira brisa levando as cortinas de finura translúcida e o gato a
recolher-se como doutra vez igual ou diferente.
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Falavas-me da Lua e dos gatos, das Luanas e da Lua, das
Lunas e da Lua e dos gatos da Lua, como todos os gatos.
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Sabes como sei da luz e dos incensos, da magia mística junta
a folhas de plantas esquisitas e outras, acolhidas nas caixas de madeira e
embutidos de osso, não escondidas e sim recatadas.
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Sabes dos cheiros do que não fumámos.
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Sei desse ímpeto, coisa de bichinho perfurador e hoje sei
explicar como sabia e ainda. Recordo-me da minha sombra na areia e do frango junto
à estrada da volta.
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Dos gatos tibetanos bebendo nas taças e a luz forçando as
cortinas na entrada com o vento nas tardes infinitas até às noites.
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Como breve se foi sem nada ficado como os gatos na luz e no
luar. Sem te amar foste e no ficares foste amada. Saíste como chegaste como os
gatos do telhado à luz e ao luar e ainda mesmo nas casas.
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Sabia que voltarias sem que te amasse e esquecida me
lembrasses dos gatos, da Lua, das Luanas e das Lunas, das taças tibetanas, dos
incensos e disso tudo que unidos nos separaram.
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Não por isso e ficamos assim numa sombra na praia, estéreis.
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Estéreis
mudos esquecidos por só por lembrar se lembra, estéreis. Se não ficou foi para
não ficar, só centelha por causa de ver um gato ao Sol.
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