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Soprando, a chuinga faz-se balão. Mastiga-se e a saliva faz libertar o sabor químico concentrado que sabe a essência sintética de morango ou a o que se
desejar e haja para comprar. Os miúdos vão à escola por alguma razão. Contudo,
nada responde com verdade às elementaridades da vida, a essas e às seguintes
depois das primordiais e metafísicas, velhas como o céu e o pau incendiado e a roda.
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Nasceu pobre. Não fez fortuna nem o tentou, quis ser rico
por sorte. Viveu amargurado com as contas e os desejos, viu os dias passarem, a
vida a gastar-se, perdendo amigos, ganhando tristezas, vencendo coisas pequenas,
iludindo-se sem se convencer, mentiu e mentiu-se, envelheceu desvalido,
babando-se e comendo papas por não ter dentes. Morreu só e não deixou nada.
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Em contrapartida, os cães não querem luxos e os gatos fazem
o que lhes apetece. As árvores dão fruta e sombra. A Terra sustenta as necessidades.
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Aqui as pessoas desejam vidas sem vida e noutros lugares tentam
sobreviver. As tardes gastam-se em supermercados ou a procurar água. A algibeira
não facilita diversões incomuns e outros nem têm do que comer.
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Do lado ao outro existe uma esfera ou um cubo ou um cone ou
uma pirâmide ou uma linha ou um ponto ou ar ou o elemento que se tiver ou
inventar ou uma gaveta ou tudo ou nada e a cor ou os tons ou o branco ou o
negro ou o infravermelho ou o ultravioleta ou o raio-x ou o nada e o som ou o silêncio ou a
mudez ou a surdez ou a vontade de não ouvir ou o vácuo ou o nada e onde se está só ou a
dois contando com o próprio a dobrar ou a dois ou a três ou outro número ou nada.
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Nesse lugar ou povoação ou universo ou estado fica a arte ou
que se quiser, superando a vida, eternizando a memória, muito depois dos nomes
serem pó, e isso não importa nada.
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Nada importa nada.
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