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O que se pode dizer dum Barca Velha é proporcional ao que pode
ficar por dizer. É certamente o vinho português, como um todo, mais documentado
e comentado. Cada um fala por si e…
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O Barca Velha 2008 é o mais recente. Quanto a mim, está acima
de irmãos. O tempo dirá. Aqui, o tempo é determinante. É que a declaração só
acontece quando se perspectiva uma longevidade fora do comum, além da exigida
ao um Ferreirinha Reserva Especial – também ele com vida prolongada.
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No total, foram declarados 18 Barca Velha – sendo que existe
uma garrafa de 1955, ano de que não existe documentação, que não foi nem
rejeitada nem confirmada pela Sogrape. A raridade, a longevidade e o momento em
que os bebi, sendo que nem todos tive oportunidade de saborear, não me permitem
colocar numa escala que os classifique por uma ordem. Portanto, quando escrevi
que este está acima de irmãos fiz qualquer coisa de insustentável do ponto de
vista da argumetação.
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Luís Sottomayor é quem assinou, por último, o encargo de
declarar Barca Velha. Pelo que me disseram, é um trabalho colectivo, mas cuja
sentença é tarefa solitária. Possivelmente, poder assinar um vinho destes deve
pesar, mas também é um privilégio e prazer.
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O Barca Velha 2008 fez-se com touriga franca (50%), touriga
nacional (30%), tinta roriz (10%) e tinto cão (10%). Foi-me servido no maior
copo de vinho que alguma vez levei à boca, eram talvez 21h00. Contou o escanção
que fora aberto às 13h00 e decantado, com algum vigor, por duas vezes. Pois, ao
conhecê-lo mostrou-se ainda contido… levou tempo a ver-se.
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A complexidade deste vinho retrata-se também através da
evolução temporal. Os descritores iniciais, mais próximos da fruta, avançaram
para as especiarias e diferentes madeiras. Vale a pena continuar? Certamente, a
lista seria fastidiosa e, sabe-se, que as bocas e narizes têm diferentes
memórias e sensibilidades… e o Barca Velha bebe-se quando se pode e deve, seja
agora ou daqui por 30 anos. Venham eles e venham mais.
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