digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, janeiro 05, 2017

Chaves

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Em torno não há parede. Provisoriamente eterno, declaração de melancolia e procrastinação, um biombo translúcido por onde vem a luz e a sombra, gente e o ardor dos amores deixando-me.
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Vingo-me numa rebelião, transparento-me  espanco as vírgulas e digo novas palavras, inventadas quase virgens.
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É nudez como a do Napoleão que, de megafone, anuncia o fim do tempo na maior praça da cidade.
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Sou o Inferno, sem escada ou porta de abrir para fora.
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Quanto um sortilégio me alegra sou a tranquilidade sobrevivente da fúria das lâminas e da convulsão do céu e do mar.
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Quando saio nunca me esqueço das chaves.

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