digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, janeiro 11, 2017

Antes carapaus de escabeche

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A banalidade é uma sopa morna. Óbvia como trágica a sopa fria e a exaltada sopa quente. No enfadonhamento ou com as papilas zangadas não há aromas nem sabores e o cheiro e fome passam.
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A banalidade é vazia. O resfriamento e o escaldamento são fáceis, aos olhos simples são artifícios de vibração elegante ou censura picante.
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A banalidade é uma sopa com legumes infelizes a boiar ou arroz corno-manso ou massa sem erecção.
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A banalidade é uma posta de pescada cozida sem sal.
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A banalidade é o largo da aldeia, onde todos os dias os mesmos bons-dias e a meteorologia.
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A banalidade é confortável como um cobertor de papa no Inverno e a discrepância é um castelo inútil.
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A banalidade tanto serve se dita no preparo dos comeres ou se depois nos equívocos do lado em que se devem pôr os guardanapos.
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A banalidade não está bem com os panos à esquerda ou à direita e contenta-se funcional num efeito de patinho ou de pavão sobre o prato ou à sua frente.
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A banalidade é a solução para se estar bem à mesa sem se saber estar à mesa.
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– Aparte digo que prefiro um arroto bruto para dizer do que o bocejo para dentro de quem descobriu o cabelo despenteado aos quarenta e cinco anos.
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A banalidade é a indiferença que ninguém quer. No entanto, porém e contudo, precavendo sobressaltos, a banalidade é escolher o caminho quieto; há setas, chão-mecânico e, à janela, uma paisagem pré-fabricada engrenada em sentido contrário.
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A banalidade é o elogio fúnebre. Os mortos são ímpares e de Dantas só se sabe por Almada.
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É difícil fazer bem uma sopa. Quanto à média, a única que importa é a Idade.

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