digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, dezembro 16, 2016

Estavam isentos de morte

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Tinham a adolescência e a isenção de morte. Não passavam juntos a porta, porque era segredo. Caíam loucos de desejo e atrasados nos orgasmos. As tardes infinitas terminavam prematuramente e só tinham estado a estudar. Ele corado ficava para jantar e os pais dela mostraram-se ingénuos, deixando-os contentes como as crianças visitadas pelo Pai Natal.
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Um dia acabou-se. As marés sobem e descem e o mundo tem muitos mares e praias para naufragar. Estavam isentos de morte. Provavelmente choraram despedaçados por sete dias e oito noites, usaram as mãos e os olhos fechados e abandonaram-se noutros quartos e tendas.
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A vida continuou. Nenhum sexo foi tão mau quanto aquele, o melhor das suas vidas.

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