digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, outubro 30, 2016

Olhar a rua

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Indo-indo para um lado qualquer por uma coisa ou outra ou por alguém, fugindo ou abraço. As ruas também servem para correr, a luz para enganar e o nariz para respirar.
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Há momentos em que não tenho nada, espero uma coisa, alguém que se me sente. Todos os dias perco na manhã e assim pelas horas vítima e actor até talvez ao entardecer e só pela noite sou exuberante e depois durmo.
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A hora mudou a noite passada. A luz ficou. O vento sempre levando o incómodo, assim o fantasio. Sentado não tenho nada, digo-o por dentro vendo-me fora de mim.
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Inexisto por vocação e na noite, onde o azul se mescla com o preto, dito palavras tóxicas e puras. Nas cores obsessivas saio de mim restando onde sempre sou, desejo-o, para lá da janela.
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Pela escuridão se foge da escuridão para, na escuridão, dela se esconder.
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Desperdiço o amor da mãe, na comoção de me ensurdecer, antecipando o inevitável, digo cansado, já zangado, que a amo.
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Mudou a hora, não choveu e a noite foi escura, mesmo junto aos candeeiros e na preguiça estiraçada recoberta por manta grossa como se fosse gripe.
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Indo com pressa sem caçador, de dentro para fora e inverso. Os dias são noites e suas melancolias sós.
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Inexisto e porque aos outros inexisto pudesse inexistir, não morrer.

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