digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, julho 24, 2016

É

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É possível noite e chuva como dia e luz tanto quanto certas e impossíveis. Depende dos negros luzidios e brancos baços e da forma como se vêem os cinzentos e modo de os pronunciar.
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A acalmação desponta no pé-de-paz, quando o solo perfurado se permite a ervas e depois árvores. O troar dos canhões num limbo, passado e perene, numa bolha que se colhe para encostar às orelhas, os ouvidos dormentes e a nostalgia do Inferno.
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Chove atrás da vidraça. A luz cinzenta da rua deserta. A quietude da noite alta.
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Na rua, só e mal coberto, sapatos salpicados e a melancolia como confidente, cabelos e ossos.
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Nem cão, só gato friorento num resguardo e infeliz, carente de colo e precisado de fuga.
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A noite é dos gatos e da Lua. É minha nas insónias tristes que permito e se impõem, a preto e branco de luz cinzenta, atrás e fora do vidro.
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A melancolia é minha predadora e me alimenta.
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Vivo por aqui, aí nesse sítio, quando e sempre.
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Nota: Gostaria de ter escrito «A realidade é um lugar estranho», mas tantos lugares estranhos foram escritos.
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Nota: Não foi possível identificar a autoria desta fotografia. Se alguém souber o nome do fotografo agradeço que me informe, de modo a atribuir-lhe os créditos.

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