digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, fevereiro 26, 2016

A chuva não é azul

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Vinte vezes outro, não porque chove. À janela está o gato melancólico, tira-me palavras e ocupa-me. Se estivesse lá fora, molhado e patético como um gato molhado, a lentidão da indiferença seria a da escuridão cavada, desta masmorra de porta aberta, sem outro silêncio .
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A vida é câmara-lenta, da indolência da derrota e do frio desistente e consentido, de mim oferecido a rapaces e ao chão.
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A mãe não dá colo, vá quando for e vá também – cordão ata-nos, falho abraços, mau filho.
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Os remorsos que dizem secos apontam-me castigando. A cabeça não sai nem dela saio.
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Vinte vezes outro ou ir para não ficar.

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