digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, novembro 22, 2015

A noite em que cheguei a casa sem saber

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Cheguei do jantar por volta das três da manhã. Embora não possa garantir o momento, estabeleci-o no dia da véspera. Cheguei e veio a Granita. A Lioz nem sempre recebe e a Paraquedas ainda menos. Já tudo acontecera. Às três horas e dezanove minutos enviei uma mensagem:
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– Os gatos são fantásticos. Entro em casa e a Governanta, a Granita, recebe-me a miar e a especificar diante da lata que precisa de comida. Bem procuro as outras. Quando vou dar de comida surge a lambisgoia da Paraquedas, mas a Lioz nem se vê nem dá sinal… Há coisa mais linda do que os gatos?
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Deitei-me e ao acordar estranhei a ausência. Nem chamamento, nem comidinha da boa nem o assobio mágico. Nem fechada na casa de jantar. Procurei atarantado temendo qualquer coisa de indefinível. Até vi o sítio e não a vi. Numa repetição de olhares dei com ela.
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Gelada, rígida e macia. O meu coração de mãe soube que ali não estava, mas que chorando ao abraçar o cadáver ela me deu torrinhas e ronronou, mexendo-se para saltar e ficar ao mesmo tempo.
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Nota: Este texto foi escrito a 26 de Novembro de 2015. De modo a estabelecer um marco, coloquei-a no dia 22 de Novembro, às 3h19m, quando escrevi a dar as novidades.

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