digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, outubro 27, 2015

Ter frio

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Afirmou perguntando, pedindo consentimento:
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– Está frio. Não está?!
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– É possível?
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– Possível? Ou tens frio ou não tens.
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– Não sei se tenho.
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– (…)
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– Tenho frio quando sob os ombros.
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– Agora, não tens frio nos ombros?
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– Não sei.
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– Como não sabes?! Ou tens frio ou não tens.
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– Tenho frio sob os ombros quando reparo que tenho frio sob os ombros.
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– Tens frio? Agora.
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– Não sei. Teria de parar para pensar.
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– (…)
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– Penso e continuo a pensar e falo contigo.
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– Tens frio quando reparas…
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– Quando o pensar fica inactivo.
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– Se repousas brevemente ficas com frio?
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– Se continuar a pensar, não.
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– Quando tens frio, afinal?
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– Quando está frio e se me resfriam as costas abaixo dos ombros.

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