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Para não me aborrecerem neste fastio, poupo amizades e
quaisquer gritos, digo-lhes o que não querem ouvir ainda que não oiçam o que
não querem verdadeiramente escutar. Minto como quem diz e desfaz, na sensatez
da incoerência e na inversão das verdades, culpo todos e condescendo alguns. A condescendência
política é um insulto grave e se não percebem ou se fingem como um orgasmo,
numa noite de afinal-já-não-quero-e-não tentes-e-não-me-chateeis-porque-bebi-em-demasia-e
estamos-os-dois-a-mais-na-cama, são tolos, na última fileira do hemiciclo onde
só têm de bradar indecências, ou cínicos como todos, porque os políticos são
sempre todos. Há sempre alguém repara e conta. Vomitei o resto da paixão que
iludia, definitivamente estúpido. Sei fazer contas e o bucolismo fica nas
traseiras dos saguões e os países só morrem quando um fim-do-mundo acontecer.
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Nota: Texto escrito a 9 de Novembro de 2015, colocado no dia eleitoral.
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