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A névoa salgada da praia invernal enregela pelo vento que
traz vagas cinzentas. A areia húmida engana os tolos, crentes de que serão por
séculos.
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Esses e os outros, os distraídos, acreditam porque as marcas
do caminho deixadas por gaivotas impresentes satisfazem o desejo.
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Mais depressa desembarca o Luís do que o Sebastião.
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Tolo, estendo-me na areia que a humidade engrossa, alguma chega
saltando a roupa, outra aloja-se entre os cabelos ou agarra-se às mãos num
desconforto.
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O frio também é cinzento e fechando os olhos aqueço, porque
me esqueço ao ver a ciranda de espectros.
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O que dizer ao Luís e ao Sebastião? Sei, que virão porque as
pegadas na areia são eternas e infinitas – um caminho para um sítio.
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Uma memória falsa é verdadeira?
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