digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, setembro 09, 2015

Sebastião

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A névoa salgada da praia invernal enregela pelo vento que traz vagas cinzentas. A areia húmida engana os tolos, crentes de que serão por séculos.
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Esses e os outros, os distraídos, acreditam porque as marcas do caminho deixadas por gaivotas impresentes satisfazem o desejo.
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Mais depressa desembarca o Luís do que o Sebastião.
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Tolo, estendo-me na areia que a humidade engrossa, alguma chega saltando a roupa, outra aloja-se entre os cabelos ou agarra-se às mãos num desconforto.
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O frio também é cinzento e fechando os olhos aqueço, porque me esqueço ao ver a ciranda de espectros.
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O que dizer ao Luís e ao Sebastião? Sei, que virão porque as pegadas na areia são eternas e infinitas – um caminho para um sítio.
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Uma memória falsa é verdadeira?

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