digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, junho 07, 2015

Uma agradável conversa com um banqueiro

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Estava num sítio escuro de madeiras e quadros antigos, óleos de marinhas e de ovelhas a ruminar. Estava o silêncio pesado da solenidade das coisas importantes. Diante de mim, olhando-me até ao outro lado da pele, o banqueiro com a expressão da inexpressão, respirando ou vivendo, folheou o livro de cheques, com uma caneta Mont Blanc, que invejei antes de a ver, escreveu uns números, preencheu o formulário e assinou.
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– Tome.
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– Não sei se mereço…
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Desabafei aquelas palavras porque não tinha nada para dizer e achei que deveria ocupar o silêncio.
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– Não merece.
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– Obrigado. Posso ir?
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– Foi um prazer… acompanho-o à porta.
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Saí. Mal passei a porta tocou o telemóvel.
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– Estou sim?!
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– (…)
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– Estou sim?!
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– (…)
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– Estou?!
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Acordei com o telefone. Levantei-me e liguei o computador, acedi ao sítio do banco na internet e verifiquei que a conta bancária continuava sossegada e deprimida.

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