digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

segunda-feira, maio 25, 2015

Não sou de cá nem de lá nem sei

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Durmo e nem sempre foi assim. Houve uma vida em que os anos tinham trezentos e sessenta e cinco dias, às vezes mais um, e vinte e quatro horas dividiam-se.
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É um país longínquo, uma memória escurecida da luz que me punha a sombra atrás dos passos.
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Contos os anos da distância, muito mais longa do que a soma dos anos.
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Entre o agora e o antes há um corredor de ausência, um tubo psicadélico, um atalho no espaço-tempo em inverso.
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Não voei nem flutuei, arrastado num turbilhão de opiáceos – julgo pelo que dizem da papoila dormideira.
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Se morri, se ainda morto, se já vi ou se sempre vivo. Era outra vida, outro planeta, outros e.
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Não tenho saudades, mas remorsos de culpas alheias.
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(suspiro abafado por decoro)
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Mãe, faça-me nascer e dê-me colo.

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