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Durmo e nem sempre foi assim. Houve uma vida em que
os anos tinham trezentos e sessenta e cinco dias, às vezes mais um, e vinte e
quatro horas dividiam-se.
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É um país longínquo, uma memória escurecida da luz que me
punha a sombra atrás dos passos.
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Contos os anos da distância, muito mais longa do que a soma
dos anos.
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Entre o agora e o antes há um corredor de ausência, um tubo
psicadélico, um atalho no espaço-tempo em inverso.
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Não voei nem flutuei, arrastado num turbilhão de opiáceos –
julgo pelo que dizem da papoila dormideira.
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Se morri, se ainda morto, se já vi ou se sempre
vivo. Era outra vida, outro planeta, outros e.
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Não tenho saudades, mas remorsos de culpas alheias.
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(suspiro abafado por decoro)
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Mãe, faça-me nascer e dê-me colo.
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