digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, dezembro 31, 2014

À meia-noite e picos

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A vida sem risco não é e ainda que fosse não poderia ser.
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Sininhos pirosos tocam músicas pirosas.
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Os barretes quentes, exagerados para Portugal, e as camisolas lanudas são pirosos.
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Ah, as meias e as luvas também. Os cachecóis.
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Agora apetece-me engolir um bolo-rei.
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Agora quero que amanhã me apeteça passear em pelota sobre o muro do cemitério.
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Os foguetes a estrilharem e fogo orgasmando-se na abóbada celestial.
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Gritarei até à rouquidão para pensarem-me louco. Serei? Lá em cima serei o rei do mundo.
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Se cair aleijar-me-ei. Se não cair terei vertigens. Se me demorar buscar-me-ão.
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De que ficarei interno, da gripe ou da loucura?
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Se não cair sairei pela escada dos bombeiros.
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Antes, porque a pelota não será completa, baixarei as cuecas para mostrar o rabo aos polícias.
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No hospital o tédio será ócio e poucas palavras darão o calor que na liberdade não tenho .
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(Pausa de silêncio seco, suspirando)
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Raismapartam, não entendo o que faço aqui.
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Entre antes de vinte e cinco e depois de oito é mais assim.

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