digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, novembro 14, 2014

Por aí

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Não escondo nada, nem o coração. Dum lado ao outro do tronco há um tubo, quem espreitar verá que não vive lá um coração.
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Não escondo nada, nem o fígado. As histórias que tem para contar são meia dúzia, aventuras que na adolescência nos fazem muito grandes e na maturidade nos iludem com uma vida que não conhecemos.
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Não escondo as pernas nem disfarço a vontade de não as mexer. Não escondo o falar, porque os olhos já contaram.
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Não escondo os temores e as incertezas, é tanto o ruído que fazem que só um surdo não escutará.
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Não escondo nada, nem o pensamento. Se me tirarem a tampa do crânio, como se fosse um chapéu, verão um brique-a-braque de banalidades e estupidez, que tudo mostram e nada escondem.
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Não escondo nada? Escondo alguém. Nu numa praça cheia, suspiro e gritos.

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