digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, setembro 02, 2014

Nunca mais é dia 18 – Curta resenha das ligações entre territórios da Grã-Bretanha e Irlanda

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Rei Jaime VI da Escócia (Jaime I de Inglaterra) foi o último monarca a nascer em terra escocesa, no Castelo de Edimburgo, em 19 de Junho de 1566, vindo a morrer a 27 de Março de 1625, em Hertfordshire.
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Jaime VI fez a união das coroas dos Reinos da Escócia e da Inglaterra, mas manteve os dois países como independentes um do outro e governados por ele mesmo, respeitando Parlamentos, justiça, leis e finanças. Foi casado com Ana da Dinamarca (12 de Dezembro de 1574 – 2 de Março de 1619).
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A união aconteceu durante o Reinado de Ana (dinastia Orange-Nassau, enquadrada na dinastia Stuart), nascida em 1665 no Palácio de Saint James, em Londres, e falecido a 1 de Agosto de 1714, no Palácio de Kensington, na capital inglesa.
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A proposta de contrato de junção dos Estados foi assinada a 22 de Julho de 1706. O acto de união realizou-se através de duas votações nos parlamentos de Londres e de Edimburgo. O Tratado de União com a Escócia foi aprovado pelo parlamento inglês em 1706 e o Tratado de União com a Inglaterra foi validado pelo parlamento escocês em 1707. A entrada em vigor deu-se a 1 de Maio de 1707.
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A Rainha Ana, filha de Guilherme de Orange – Guilherme II da Escócia, III de Inglaterra e III do principado de Orange, Rei consorte de Maria II da Escócia e também II de Inglaterra – reinou até 1714.
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Assim, a Rainha Ana foi a última da Escócia e de Inglaterra e a primeira da Grã-Bretanha. A Irlanda continuou com um estatuto de território pessoal, um Estado à parte e governado em separado.
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A Irlanda começou a estar na esfera dos monarcas de Inglaterra em 1198, quando Henrique II a invadiu, aproveitando a fraqueza e indefinição política. A ilha foi constituída como Senhorio. O seu filho, João I de Inglaterra (João Sem Terra) sucedeu-lhe e tornou o país como feudo pessoal.
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A Irlanda ascendeu a Reino em 1542, por decreto de Henrique VIII de Inglaterra, que foi o nono com o mesmo nome a governar a ilha. A sua união ao Reino da Grã-Bretanha aconteceu a 1 de Janeiro de 1801, após os Tratados de União terem sido aprovados, em 1800, pelo Parlamento da Grã-Bretanha e pelo Parlamento da Irlanda.
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Jorge III (4 de Junho de 1738 – 29 de Janeiro de 1820) foi o último monarca da Grã-Bretanha e da Irlanda (em que foi também terceiro do nome) e o primeiro da Grã-Bretanha e Irlanda.
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Já a união com Gales é mais antiga e complexa. O território compreende basicamente ao antigo Reino de Mécia (anglo-saxão). O Principado de Gales foi criado em 1216 e extinguiu-se em 1542 (algumas vezes surge como 1536) e ocupava cerca de dois terços do actual País de Gales. A parte restante encontrava-se dividida por diferentes terratenentes.
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Em 1282 foi conquistado por Eduardo I de Inglaterra. O seu filho e sucessor, Eduardo II iniciou a tradição, em 1301, de conceder o título de Príncipe de Gales ao seu filho mais velho e herdeiro da coroa, ainda que o território não tivesse sido ainda unificado a Inglaterra.
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Relativamente a Gales, houve dois actos de união, um em 1535 e outro, definitivo, em 1542, realizados durante o Reinado de Henrique VIII de Inglaterra.
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As Ilhas Anglo-Normandas mantém-se fora do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, sendo possessões do monarca inglês, herdeiro dos Duques da Normandia. O mesmo acontece com a Ilha de Man.
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Na Irlanda, a contestação começou cerca de oitenta anos após a união, com os irlandeses a exigir autonomia legislativa. Em 1916 eclodiu a Revolta da Páscoa (24 de Abril a 30 de Abril), violentamente combatida pelas tropas reais.
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Em 1918, após as eleições gerais, a maioria dos eleitos pela Irlanda recusou sentar-se na Câmara dos Comuns e criou um Parlamento próprio. Entre 21 de Janeiro de 1919 e 11 de Julho de 1921 realizaram-se acções de guerrilha, por parte do Exército da Irlanda (conhecido por «Velho IRA»), conflito que ficou registado como Guerra da Independência da Irlanda.
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Os representantes do ainda ilegal Estado Livre Irlandês assinaram, a 6 de Dezembro de 1921, o Tratado Anglo-Irlandês, em que 26 condados a Sul passaram a integrar o novo regime e os seis mais a Norte (que representam a quase totalidade do território histórico do Ulster) permaneceram ligadas à coroa, pelo Acto do Governo da Irlanda de 1920 (documento ratificado a 8 de Dezembro de 1921). A 7 de Janeiro de 1922, o Parlamento da Irlanda ratificou o documento.
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Todavia, o Tratado Anglo-Irlandês manteve a ligação ao Rei, que nomeava um governador-geral, embora houvesse autonomia política e legislativa. Este status quo não agradou a todos os que combateram pelo país.
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Em 1932, o partido Fianna Fáil (Partido Republicano) chegou ao poder e iniciou um processo político de separação face à monarquia, que culminou com a Constituição de 1937, aprovada a 29 de Dezembro, e nomeou o Estado como Eire ou Irlanda.
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Durante a Segunda Guerra Mundial, a Irlanda afirmou-se neutral. Ainda que teoricamente fosse uma República, a Irlanda só como Acto de 1948 se constituiu como tal, com início a 18 de Abril de 1949.
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Regressando para cá no tempo, o Governo de Gales passou a poder apresentar Propostas de Lei a partir de 2007, colocando documentos directamente à aprovação da Rainha Isabel II. A 31 de Março, foi aprovado, em referendo, o alargamento dos poderes do Parlamento sedeado em Cardiff, desvinculando-se da aprovação da Câmara dos Comuns do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte.
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Já a Escócia tem uma tradição autonomista maior, tendo o primeiro parlamentar nacionalista sido eleito para o Parlamento de Londres nas eleições de 1945. A pressão autonomista aumentou durante a década de 70 do século XX e a contestação ao Governo central ganhou volume com a introdução da Poll Tax (um imposto municipal) na Escócia um ano antes do resto do país – governo do Partido Conservador, liderado por Margaret Tatcher.
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Com as vozes separatistas a engrossarem, o primeiro-ministro britânico Tony Blair (escocês), do Partido Trabalhista, avançou com reformas, em 1997, para «agarrar» os escoceses ao Reino, tarefa continuada pelo seu sucessor, Gordon Brown, também escocês e do mesmo partido.
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A partir do referendo de 11 de Setembro de 1997 – dia simbólico por se assinalarem 700 anos da Batalha de Stirling Bridge, cuja vitória foi decisiva para a independência escocesa – reinstaurou-se o Parlamento da Escócia.
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O Partido Nacionalista Escocês prometeu referendar a independência, dando início ao processo após a vitória absoluta nas legislativas conseguida em 2011. A 21 de Março de 2013, o Governo da Escócia e o Governo do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte concordaram com a realização do referendo, que foi ratificada pelo Parlamento Escocês, a 14 de Novembro desse mesmo ano, e aprovada pela Rainha Isabel II, a 17 de Dezembro do mesmo ano.
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O número de eleitores é de 4.027.187, sendo que 680.235 votaram já, por correspondência, a 15 de Agosto. A data decisiva é 18 de Setembro, e poderá celebrar simbolicamente os 700 anos da vitória da Escócia sobre a Inglaterra, na Batalha de Bannockburn, que ocorreu a 24 de Junho de 1314.
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No outro lado do mundo, na Austrália começa a falar-se do país de tornar numa República após a morte de Isabel II.
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Nota: Devido à quantidade muito limitada de caracteres da caixa das legendas, a identificação das imagens será feita abaixo.
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1 – Armas reais usadas em Inglaterra e no mundo e armas reais usadas na Escócia - desde 1887, por decisão da Rainha Vitória.
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2 – Rei Jaime VI da Escócia, retrato atribuído a John de Critz, o Velho.
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3 – Rainha Ana da Escócia, retratado por Michael Dahl.
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4 – Rei João de Inglaterra, conhecido por João Sem Terra, retrato de pintor anónimo.
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5 – Rei Henrique VIII de Inglaterra, retratado por Hans Holbein, o Novo.
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– Rei Jorge III, Rei da Grã-Bretanha e da Irlanda, retratado por Allan Ramsay.
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7 – Rei Eduardo I de Inglaterra, retrato de pintor anónimo.
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8 – Armas do Senhorio de Man – Dependência da Coroa.
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9 – Armas do Reino da Irlanda e da República da Irlanda.
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10 – Armas dos condados históricos da Irlanda: Connaught, Leinster, Munster e Ulster.
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11 – Armas da Irlanda pertencente ao Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, embora nas armas oficiais surja o brasão azul com a harpa.
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12 – Rei Jorge V, Rei do Reino Unido da Grã-Bretanha, dos Domínios Britânicos e Imperador da Índia, retratado por Luke Fildes.
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13 – Rei Jorge VI, Rei do Reino Unido da Grã-Bretanha e dos Domínios Britânicos, retratado por Gerald Kelly.
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14 – Douglas Hyde, presidente da Irlanda de 1938 a 1945, retrato de fotógrafo anónimo.
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15– Seán T. O'Kelly, presidente da Irlanda de 1945 a 1959, retrato de fotógrafo anónimo.
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16 – Armas do País de Gales.
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17 – Armas da Escócia.
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18  – Armas de Inglaterra.
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19  – Armas dos principais territórios sob a Coroa de Isabel II: Austrália, Canadá e Nova Zelândia.

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