digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, setembro 27, 2014

Dráculas

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«Drácula» é um romance romântico e erótico. O abismo sedutor da morte, a ânsia de sobreviver, o amor longínquo, os tempos em suspenso, as incertezas, a dor e a tragédia final.
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Bram Stoker, que descobriu a Transilvânia em almanaques de actualidades.
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O romance foi escrito pelo irlandês Bram Stoker e publicado em 1897. Ao que parece, o irlandês tirou todas as informações de livros e almanaques. O mais longe que terá ido foi a biblioteca, hoje teria a internet. O conde é delicado, mas houve abordagens homo-eróticas. Porém, à parte as duas primeiras versões, o aristocrata transilvano viveu em filmes de fraca qualidade. Não vi todos os filmes e estupidamente não apontei, nos meus caderninhos, todas as designações adoptadas para Portugal. Assim, em alguns casos recorro ao título original.
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Friedrich Wilhelm Murnau, o primeiro e melhor realizador dum filme de Drácula.
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Em 1922 foi rodado a primeira versão, obra do realizador alemão Friedrich Wilhelm Murnau, onde a corrente expressionista sublinha o terror da estória. Os familiares de Bram Stoker não gostaram de «Nosferatu – uma sinfonia de terror». Não gostaram ou porque não entenderam a genialidade da fita ou apenas por ganância. Pelo que sei, foi mandado destruir todas as cópias… ou esquecidas ou escondidas, salvaram-se bobinas suficientes para que hoje se possa sentir o terror da equipa Stoker e Murnau, em que o actor Max Schreck corta a respiração.
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Max Schreck – o vampiro que saiu do caixão.
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Nove anos depois, já com consentimento dos herdeiros, foi rodado «Drácula». Tod Browning escolheu o húngaro Béla Lugosi para protagonista. Penso que ainda hoje, a figura altiva e elegante é a que mais impressiona a memória.
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Béla Lugosi – o vampiro sedutor.
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Depois das duas primeiras versões, 1922 e 1931, a obra foi sempre as descer. O terror expressionista e a arrogância de Lugosi não foram alcançados, ainda que bons actores tenham encarnado o conde transilvano. Até um realizador genial agarrou o livro com patinhas desastradas.
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Em 1943 foi Robert Siodmak a abordar o tema, mas como uma sequela. Na verdade é um filme de «série B», o «The son of Dracula» – a personagem principal é o filho do infame transilvano. Lon Chaney Jr. Foi sempre um vampiro com ar chateado do que assustador.
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Lon Chaney Jr. – o vampiro chateado.
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Erle C. Kenton filmou «House of Dracula» em 1945, mais um prego no caixão de Bram Stoker. John Carradine foi, por vezes e involuntariamente, um vampiro cómico e exagerado.
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John Carradine – o vampiro patético.
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Christopher Lee tem boa fisionomia para encarnar um Drácula, um vampiro bem americano em filmes de relevância fininha.
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Christopher Lee – o vampiro teimoso e persistente. Christopher, o que se tem de fazer para ganhar a vida…
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«Horror of Dracula» (1958 – de Terence Fischer), «Crypt of the vampire» (1964 – de Camillo Mastrocinque), «Dracula: Pince of darkness» (1966 – de Terence Fischer), «Dracula has risen from the grave» (1968 de Freddie Francis), «Taste the blood of Dracula» (1970 – de Peter Sasdy), «Scars of Dracula» (1970 – de Roy Ward Baker), «Count Dracula» (1970 – de Jesus Franco), «Dracula AD» (1972 – de Alan Gibson), «Count Dracula and his vampire bride» também titulado como «The satanic rites of Dracula» (1973 – de Alan Gibson) e «In the search of Dracula» (1974 – de Calvin Floyd).
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Roman Polanski também quis deslizar no sangue, mas o chão, de tantas sangrias, já se colava aos pés. Ferdy Mayne foi o escolhido para a fita rodada em 1967.
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Ferdy Mayne – o vampiro engatatão das sessões de chá dançante.
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Em 1974, Udo Kier protagonizou o filme «Blood of Dracula», realizado por Paul Morrissey. O filme ficou também conhecido por «Andy Warhol’s Dracula», por este artista visual ter sido um dos três produtores da película. Os cineastas Roman Polanski e Vittorio de Sica deram o seu contributo como actores.
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Udo Kier – o vampiro homoerótico. 
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John Badham, ficou mais conhecido pelo filme «Febre de sábado à noite», mas também abimbalhou a personagem de Bram Stoker. Dois anos depois da disco sound, em 1979 surgiu nos cinemas um novo «Dracula», encarnado em Frank Lagella.
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Frank Lagella – o vampiro com pinta de empregado de mesa dum navio de cruzeiro e soldado da Mafia.
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«Love at first bite», de 1979, juntou humor ao terror. A façanha foi dirigida por Stan Dragoti e George Hamilton foi o vampiro, arrogante e enjoado.
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George Hamilton – o vampiro gay com ar enjoado por se ter peidado.
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Produtoras alemã e francesa juntaram-se, em 1979, para criarem «Nosferatu: phantom der nacht». Klaus Kinski foi o morto-vivo escolhido por Werner Herzog. Abordagem séria, que pecou por se colar, sobretudo na parte plástica, à obra-prima de Murnau.
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Klaus Kinski – o vampiro sinistro.
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Não vi o «The monster squad», de 1987, realizado por Fred Dekker. Consta que junta comédia e terror, numa fórmula para adolescentes mamarem. Duncan Regehr é o vampiro se serviço. No género, o «Caça fantasmas», de 1984 e realizado por Ivan Reitman, deve ser bem mais fixe.
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Duncan Regehr – o vampiro com mau hálito.
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Na melhor toalha cai a nódoa. Francis Ford Coppola realizou tantas obras-primas que deve ter querido fazer um filme de «série  B», que me lembra «Os canibais», de Manoel de Oliveira, rodado em 1988 e em que o canastrão do Luís Miguel Cintra consegue atingir o apogeu da expressividade dum caixote de papelão. Em «Drácula de Bram Stoker», o Gary Oldman, que fez de conde, ficou um misto de expressividade de Joaquim de Almeida mas menos enjoado, com a dinâmica do Diogo Infante e a frescura de pele de José Castelo Branco, que parecendo morto está vivo ou que parecendo vivo está morto – ou algo assim.
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Gary Oldman – o vampiro ridículo e com a mania que é o Elton John.
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Em 1995 o Drácula voltou à comédia, com «Dead and Loving it», de Mel Brooks . Comédia parva, non-senso tosco, que de tão idiota me consegue fazer sorrir. É idiota por nascimento e faz gala nisso. Poupa-se assim a desilusão das versões desastradas. Leslie Nielsen não desilude no desempenho esperado.
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Leslie Nielsen – o vampiro aparvatado.
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O novo século – esqueçam lá essa coisa do ano zero – trouxe «Dracula 2000», de Patrick Lussier, com Gerard Butler, a agredir a personagem.
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Gerard Butler – o vampiro que põe as adolescentes aos gritinhos abafados.
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No ano 2000 surgiu uma outra película, que não sendo uma obra-prima abordou o universo vampiresco de modo interessante, colocando o filme de Murnau no centro da trama e Max Schreck como verdadeiro vampiro. «Shadow of the vampire» foi dirigido E. Elias Merhige e com Willem Dafoe como Schreck – bem merecia ter ganho o Óscar para o Melhor Actor Secundário, que nesse ano foi para Michael Caine.
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Willem Dafoe – o actor que era vampiro.
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Mais «interessante» foi «Van Helsing», de Stephen Sommers e com Richard Roxburgh… um filmezeco para pipocar na sala e ir ao WC sem carregar no botão da pausa.
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Richard Roxburgh – o vampiro muito mais vivo do que morto.
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O tempo passa e não há como «Nosferatu». A perfeição é impossível! A perfeição seria Max Schreck poder ser Drácula ao mesmo tempo que Béla Lugosi.
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Quem nunca viu «Nosferatu», basta clicar nesta frase, quevai directa ao sítio certo no youtube.
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O vampiro mais divertido é o «Conde Patrácula» – «Count Duckula», na versão original e «Conde von Pato», no Brasil. A série foi realizada pela Cosgrove Hall (Reino Unido) e produzida pela Thames Television, entre 1988 e 1991. Em Portugal passou inicialmente na RTP 2, mas também na TVI, SIC, Canal Panda e Kids Co.
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Numa família de patos vampiros, o jovem titular é vegetariano, para grande desgosto do mordomo, o abutre Igor, que tudo faz para que o seu amo siga a tradição familiar. A ama (Ama) é uma galinha grande, gorda e estúpida, mas que ama o seu menino. O castelo é mágico e muda de sítio. O professor excêntrico e caçador de vampiros, o ganso (não me lembro o nome, vai em inglês) Dr. Von Goosewing é incansável na busca para apanhar o conde, que desconhece ser vegetariano.

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