digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, agosto 30, 2014

Ainda hoje e como sempre

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Não consigo matar ninguém. Até a quem atirei à queima-roupa. Sobre mim disparam e morro sempre um bocadinho. Não abandono a adolescência e sou crédulo como um menino.
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Não digam nada contra mim, que quero lamentar-me, como a pessoa mais infeliz do mundo.
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Digo-o eu como se fosse outro a falar:
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– Foste mau. Foste cruel. Foste sádico. Foste irreflectido. Foste abusador. Foste egoísta. Foste arrogante. Foste cínico. Foste hipócrita. Foste imbecil.
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Ainda sou?
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– ...
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Isso que me digo sobre mim como se fosse outra pessoa mata-me de vergonha e arrependimento.
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Merdifico tudo.
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Não consigo matar ninguém. Pelo menos, partissem os demónios da memória e quem me dá apertos de tristeza.
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Quando me ignoram ou preterem, grifos bicam-me o coração, a cabeça e a alma, manjado vivo.

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