Não é paisagem, é o teu peito mudo e quieto desafiando-me ao
esplendor de me deitar e sentir a natureza.
.
Não é cama, mas leito de rio alteroso no caminho que se
acalma na foz de tão cansado.
.
Não são gomos de laranja doce e ácida, lábios de beijar
lábios, de beijar toda a árvore.
.
Os pés e pernas como cabos de navios-fantasma
entrelaçando-se sem medo, as mãos indecisas nos caminhos, todo o mundo.
.
Carne de tocar o espírito de ternura morna, dentada frágil e
dois momentos misturados.
.
Sim, vejo além da roupa e a fundura dos olhos. Conheço os
tons da pele e de como treme a carne quando o primeiro toque e o arrepio na
nuca que espevita o peito. Sei da mão passando no ventre, água de chuva que se
infiltra e se faz nascente adiante.
.
Sei das madrugadas como Primaveras e das manhãs do Verão quando
a razão tem razão em perder-se.
.
Não há melancolia de Outono, o sossego é a temperança sucedendo
à tempestade.
.
Depois, as palavras podem custar a sair e o ar não as move
nem as faz ouvir.
.
Uma raiva terna pela chegada ao final que foi de felicidade
ingrata. A cabeça tem de pensar em ouvir as batidas que vão da altercação ao
abraço, do nervo de cãibra a fluído etéreo. Ao beijo fora-de-jogo sobre o
membro descansado à boca sedenta que se sacia na fonte. Então o descanso.
.
Antes que a carne arrefeça – o relógio é um fantasma que se
ignora... Se arrefecer, nada que uma respiração quente, entre a nuca e a
orelha, jurando uma promessa de coisa nenhuma, não acenda e encalore.
.
Recomeçar voltando aos locais da felicidade, países de duas
línguas entendendo-se nas bocas e nos corpos, feitos um só corpo.
.
Inverno? Não existe. O abraço em fusão e um beijo fundo...
até já, até amanhã, até logo, até. Agora!
.
É tudo isso que vejo quando os olhos te pousam no peito e se
regalam nas gemas vivas que são os teus.
Sem comentários:
Enviar um comentário