digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, junho 10, 2014

O espírito que agasalha a carne

Não é paisagem, é o teu peito mudo e quieto desafiando-me ao esplendor de me deitar e sentir a natureza.
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Não é cama, mas leito de rio alteroso no caminho que se acalma na foz de tão cansado.
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Não são gomos de laranja doce e ácida, lábios de beijar lábios, de beijar toda a árvore.
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Os pés e pernas como cabos de navios-fantasma entrelaçando-se sem medo, as mãos indecisas nos caminhos, todo o mundo.
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Carne de tocar o espírito de ternura morna, dentada frágil e dois momentos misturados.
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Sim, vejo além da roupa e a fundura dos olhos. Conheço os tons da pele e de como treme a carne quando o primeiro toque e o arrepio na nuca que espevita o peito. Sei da mão passando no ventre, água de chuva que se infiltra e se faz nascente adiante.
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Sei das madrugadas como Primaveras e das manhãs do Verão quando a razão tem razão em perder-se.
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Não há melancolia de Outono, o sossego é a temperança sucedendo à tempestade.
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Depois, as palavras podem custar a sair e o ar não as move nem as faz ouvir.
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Uma raiva terna pela chegada ao final que foi de felicidade ingrata. A cabeça tem de pensar em ouvir as batidas que vão da altercação ao abraço, do nervo de cãibra a fluído etéreo. Ao beijo fora-de-jogo sobre o membro descansado à boca sedenta que se sacia na fonte. Então o descanso.
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Antes que a carne arrefeça – o relógio é um fantasma que se ignora... Se arrefecer, nada que uma respiração quente, entre a nuca e a orelha, jurando uma promessa de coisa nenhuma, não acenda e encalore.
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Recomeçar voltando aos locais da felicidade, países de duas línguas entendendo-se nas bocas e nos corpos, feitos um só corpo.
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Inverno? Não existe. O abraço em fusão e um beijo fundo... até já, até amanhã, até logo, até. Agora!
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É tudo isso que vejo quando os olhos te pousam no peito e se regalam nas gemas vivas que são os teus.

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