digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, maio 03, 2014

Babel e Língua - dois textos, uma só postagem - palavras novas, palavras úteis, palavras estúpidas e ouro

Babel
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Há palavras fantásticas. Palavras que valem mais do que textos. Há as palavras-espelho. Há as engraçadas e as parvas, que muitas vezes são a mesma coisa. Plebeísmo, vulgaridade, banalidade, erro e acertos.
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Por que pode um artista, um poeta ou um louco inventar palavras? Porque está nas suas competências.
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E podem fazer leis? Não podem.
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Pode um político criar palavras? Sim, porque fala.
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FIM DE TEXTO!
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NOVO TEXTO – DE NOVAS PALAVRAS
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Língua
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Inconseguir é um achado. Resume tudo. Para mim, o inconseguidor é aquele que pouco tenta e, perante o fracasso, diz: inconsegui.
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Enochato é aquela pessoa que aborrece por tanto e só falar de vinho. Conheci esta palavra num blogue brasileiro de vinhos. Pode ser-se chato de muitas maneiras, mas enochato é um tesouro.
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Ouver é um verbo genial, talvez das melhores palavras criadas na língua portuguesa em décadas, talvez em séculos. Estou a ouver televisão... claro, pois estou a ver e a ouvir. Só vejo se o televisor não tiver som. Só oiço se fechar os olhos.
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Zetário é um vocábulo inventado por mim. Por isso, julgo que só tem significado para mim. Como tudo, há uma explicação. Conhecem-me as embirrações com estrangeirismos, com anglicismos em particular. Os letrados portugueses iluminam-se quando pronunciam um anglicismo. Um anúncio de emprego só dá sainete se a função se definir em inglês... ora, em Portugal, quase não há adolescentes. Há tineigeres (teenagers)... Qual é a constante dos nossos adolescentes? O Z. Dez. Onze. Doze. Treze. Catorze. Quinze. Dezasseis. Dezassete. Dezoito. Dezanove. Ao Z junta-se, como sufixo, o vocábulo «etário». É forçado! Reconheço, mas consola-me a alma.
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Redefiche traduz o desenrascanço português aplicado à língua. Tal como temos o futebol, do football, temos o redefiche. A pesca mudou muito, espécies desapareceram, outras sobraram e passaram a ter valor e algumas encontraram nas águas portuguesas um lugar de habitat, derivado ao aquecimento global do planeta. Numa banca de peixe, no mercado de Algés, li: redefiche... é fixe, o red fish.
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Pirilau-atómico não é uma coisa mais a outra. É outra coisa, por isso ser hifenizada. Esta também fui eu quem inventou. O que é um pirilau-atómico? É alguém que, com genica humorística, parvoíce e tempo em sobra e alguma brejeirice se dedica a dizer palermices, com um débito superior ao da Barragem de Cabora Bassa (Cahora Bassa, em português de Moçambique). Sou eu! Usei-o algumas vezes nas janelas de conversação do MSN (hoje em desuso), sendo tenha sido adoptado, por simpatia, por um amigo. Disse-a em público, logo pertence a todos.
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Desevolução ainda não foi totalmente adoptada por mim. Inventei-a para aplicar ao efeito bumerangue, quando algo avança e depois recua, seja na natureza, no acerto de pensamento...
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Ofensor... vejo-a por aí. Até o corretor ortográfico de base do uíndous (windows) a aceita. Porém, há não muitos anos, um professor de Clássicas me garantia que tal vocábulo não existia. Deu-me o exemplo o Credo de Niceia, que transcrevo na parte que importa. «Perdoai a quem nos tem ofendido» – a solução criada, segundo me justificou, por não existir, na língua portuguesa, a palavra «ofensor», ao contrário de defensor.
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Quendera... não, não me refiro ao apelido Quendera, usado, nomeadamente, pelo enólogo Jaime Quendera. Quendera não é bem uma invenção minha, mas antes a transcrição dum vocábulo dito, sem que a sua importância tenha sido pesada, apressadamente. Quendera não ser idiota, bobo... por estes e outros textos. Quendera é uma contracção... é «quem me dera» juntinho, amando-se.
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Quem me lê, esporádica ou regularmente, sabe que aportugueso muito e que crio novas palavras. Algumas são meramente instrumentais, piadas, recursos... que talvez nunca mais as use ou as invente novamente.
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De todas as palavras que inventei, há uma que tem um significado especial. Não foi nem a primeira nem a última, mas recebe do pai a eleição de filho mais velho e de filha mais nova: infotocopiável.
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Nota: Deve-se este texto ao lapso (?) de Assunção Esteves, presidente da Assembleia da República, no Anno do Senhor de Dois Mil e Catorze, algures nos primeiros três meses.

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