O que é o escuro? Como vejo se sinto. Toco os seios e desço
a mão, enquanto a outra sofre, por engano, sob o meu corpo, por deitado precipitado,
quase adolescente.
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O escuro é descer a mão livre, acariciar em torno do umbigo,
subir, descer, criar expectativa acerca da certeza. Descer, mas antes enganar.
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No escuro o beijo que vem antes de muitos. A boca adivinha
caminhos e pára sempre nos sítios do leite e prolonga-se lenta e quente no
ventre.
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Meia-luz, escuro, amanhecer, até as palavras aguentarem
tanto quanto os corpos. Uma mão, travando a minha, rendeu-se e toco... seja
gruta de musgo ou rocha aberta aos regatos.
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A boca volta à boca. A outra mão aceita o castigo de
permanecer quieta. Terá um prémio, com certeza. Tocará as costas, afagará onde
houver prazer a querer nascer.
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A boca beija e a mão faz-se onda. As tuas... boca e mãos... finalmente aceitam o que já tinham aceitado.
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A boca beija e a mão faz-se onda. As tuas... boca e mãos... finalmente aceitam o que já tinham aceitado.
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A boca onde sou homem e os dedos ajudando a erguer o prazer.
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Engolido. Todo homem. Onde a mulher quiser, por quanto tempo
quiser. Enquanto lhe der palavras de suor e calor.
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No escuro, o homem sabe onde fica a mulher. A mulher sabe
sempre onde está. Fingindo-se presa caça.
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O tempo é o tempo e o escuro é o que deixa a persiana.
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Seja a noite toda ou mera visita... será sagrada.
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Sagrada como o pão. Sagrada como o vinho. Sagrada como o
azeite.
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A Luz. A que vem e a que fica. A que se deixa entrar, e
voltar.
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O homem quer ser um rio, bebe-o o quanto puder. A mulher é
um império.
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O sono, fingimento da morte, acolhe-o. Nela, o pensamento é o
triunfo da beleza, a luz manda no mundo.
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