digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, setembro 28, 2013

Gladíolos são da cor da carne, mas os limões também são doces

Devo-te o fazer amor. Se não entendeste o amor, é porque não o merecia. No entanto, não me faltaste. Não dando tudo, foi o suficiente.
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Por ti não fui no fio da navalha. Saltaste até cima e roubaste-me o vazio desarrumado.
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Lamento ter-te perdido. Se eras tu que juro me amavas e eu quem desejava.
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Levei-te flores e cruzei a cidade. Detestei aquelas flores e acariciei-as porque tuas.
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A surpresa da menina e o sorriso pelas flores. Eu vestia um fato e estávamos numa avenida.
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Sim, estou triste e a nossa história foi triste, por mim. Tudo o que tem de alegre é a tua pureza. Alegre não é feliz.
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Não te me deste. Seja por que razão for. Se foi triste o final, foi patético, foi porque tomei o amor com mãos impuras.
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Perdi tudo. O que mais perdi foi ter ganhado uma tristeza.
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A tristeza é uma chatice!

Não lamento não te ter tido, porque o tempo que te tive diante de mim saciou-me. Hoje sei-o.
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Deves-me o fazer amor. Sinceramente, acho que sim.
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Se foste infantil? Foste e não percebeste. Menina adulta não é de todo madura.
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Se o mereci? Não.
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Não o mereci por não me dares, mas por eu não merecer merecer.
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Escrevo-te num dia triste, quando há felicidade.
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Confidencio-te o que talvez saibas, que te tenha já derramado. E o que te disse em sonhos.
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O limão também é doce.
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Detestei aquelas flores e gostei tanto de tas dar que mais de dez anos depois ainda me lembro delas.
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Nota: Dedicado à DN... com um abraço ao Zeca.
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Nota: Nunca tinha pensado em escrever este poema. Por alguma razão, hoje tive de o escrever. Foi de rajada, repentista, quase sem pensar. Tinha-o de fazer e tinha de ser hoje, com urgência. Ao escrevê-lo percebi que andei mais de dez anos a escrevê-lo.

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