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Não tem nada a ver, mas tem vida. Dizia o Eduardo que andava
tudo ligado. Que fazer se somos apenas únicos e cada um não se repete. Dizer
vida.
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Dizer para não dizeres. Que me disseram que disseste, que
era para o meu bem. Que disseste para não me dizer. Que perguntaste, que
perguntei, que perguntei se perguntaste, que perguntaste se perguntei. Não digo
mais nada. É pior, é melhor, é o que Deus quiser, é o que seja, nem que seja
Buda.
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Um abismo, não há palavras. Nem de amor que unam. Nem que
separem. Abismo de cair, de não voltar. Silêncio e uma outra vida.
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A loucura dos beijos, loucura de dias e noites. Acerto de
tudo o que não fez sentido. Uma carta de amor por entregar.
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Não expliquem. Não expliques. Não entenderei, só à luz da
morte e da renascença. Contas por acertar e vidas para justificar. Tristeza que
deu.
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Fiquei de te escrever uma carta de amor. Ficaste de não a
receber. Ficámos sem falar. Antes fosse falar por falar. Qualquer coisa que não
silêncio.
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Disse que não te dissessem. Disseste para não me dizerem. Não
dissemos. A vida ficou a meio e ainda assim continuou.
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A Primavera não tem nada a perdoar. O Inverno perdoa tudo.
Entre o Verão e o Outono tudo acontece. Assim aconteceu. Às vezes acontece. E a
vida mudou. Mudámos, mudamos.
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Esta não é a carta de amor que fiquei de te escrever. É
aquela que prometeste nunca querer receber. No fundo, a vida.
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Como o achigã, não sou daqui. Como o alabote, ninguém sabe.
Só podia ser, então. Porém, há as contas. A certeza dum dia, depois da vida.
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Não é fácil de entender. É fácil, não é?
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